Humberto Lemos – Privatizar a Cedae não resolve a situação do Rio de Janeiro

A água é um bem fundamental, fonte da vida, que se relaciona diretamente com a saúde da população.

Nesta pandemia, ficou ainda mais destacado o quanto é importante o fornecimento da água potável para as pessoas, chegando na torneira das casas para o melhor uso das famílias.

No Rio de Janeiro, a Cedae tem esse papel social, de levar água e saneamento de qualidade para a população. A empresa, por exemplo, por ser pública, pratica o subsídio cruzado, quando pega os recursos das áreas mais nobres, para investir em regiões carentes.

Sem dúvida é preciso melhorar o atendimento, chegar a todos os cantos do Rio de Janeiro e garantir o saneamento básico e água para milhões de pessoas.

Hoje, a Cedae faz fortes investimentos na Baixada Fluminense, com objetivo de universalizar esse serviço tão essencial. Não por acaso, em 2018, a companhia foi eleita uma das melhores empresas de infra-estrutura do Brasil, pela Revista Exame.

A Cedae é uma empresa rentável, não gera prejuízo, ao contrário, traz lucro para o estado do Rio. Só em 2019, a empresa lucrou mais de um bilhão de reais e repassou para o governo R$ 374 milhões.

Mas então qual o sentido de privatizar uma empresa que gera tanto lucro ao estado?

Há anos a companhia é alvo da sanha privatista. Querem pegar um bem público para obter lucros altíssimos.

O ex-presidente da Cedae, o mesmo que não conseguiu resolver a crise da geosmina, já assumiu a empresa demitindo dezenas de técnicos e engenheiros que conheciam a fundo a companhia.

Mas um dia após sua demissão fugiu de uma audiência pública na Alerj, quando questionado pelos parlamentares sobre esse problema que levou água mal cheirosa para a população.

E agora, para espanto de todos, aparece como representante dos empresários com interesse em arrendar a Cedae. Faz parte da agenda do atual governo deixar o Estado mais vulnerável ao capital financeiro.

O Rio de Janeiro segue em crise, porém não será privatizando a Cedae que o problema será resolvido. Na verdade piora ainda mais, pois o estado deixará de receber parte dos recursos anuais da Cedae.

Aliás, o governador Witzel, alvo de um impeachment, não tem autoridade política para levar à frente a venda da Cedae.

Para quem defende a privatização dos serviços públicos, vale lembrar que alguns deles, agora privados, como trens e ônibus, recebem vultosos recursos públicos para poderem funcionar.

Defendemos o fortalecimento da Cedae pública, que redirecione seus lucros para levar água e saneamento para todos os lugares do Rio de Janeiro.

Para isso, é preciso realizar o concurso público para que a empresa tenha uma presença mais marcante nos municípios, podendo atuar com agilidade e levando um atendimento de mais qualidade, além de preservar um bem tão valioso quanto a água.

 

*Humberto Lemos é Presidente do Sintsama-RJ

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