- 11 de novembro de 2025
- Publicado por: Marcios Mauricio
- Categorias: Editoriais, Notícias CTB Nacional
Por Paulo Farias, Presidente da CTB/RJ e representante da CTB Nacional na COP 30
Belém do Pará, em novembro de 2025, não será apenas o palco da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 30). Será, para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), um campo de batalha onde o futuro da Amazônia e a autonomia do nosso povo serão defendidos com unhas e dentes. A crise climática exige respostas globais, mas nós, da classe trabalhadora, insistimos: essas soluções devem vir acompanhadas de Soberania Nacional, Justiça Social e Desenvolvimento com Direitos.
Não aceitamos que a urgência climática se torne pretexto para a perda de controle sobre o que é nosso por direito: nossos recursos naturais, nossas terras e nossa água. O Brasil detém riquezas estratégicas para a transição energética global, e essa riqueza deve servir ao desenvolvimento justo do nosso povo, não à reprodução de um colonialismo extrativista.
A Água Não é Mercadoria: Defesa da Soberania Hídrica
A Amazônia é o coração da potência hídrica brasileira, e a água é um bem comum e inegociável. A CTB-RJ, em alinhamento com a CTB Nacional, reitera: A Água não é mercadoria!
A defesa incondicional do saneamento básico público, universal e de qualidade é, no contexto de estresse hídrico global, uma questão de segurança nacional e de dignidade humana. A experiência de privatização de serviços hídricos ao redor do mundo resulta em tarifas mais altas, exclusão social e precarização, penalizando sempre os mais pobres. Defender a Amazônia é, portanto, defender o ciclo hidrológico que irriga toda a América do Sul. O controle público e soberano dos nossos mananciais deve ser o pilar de qualquer política de adaptação climática.
Terras Raras: Riqueza para a Nação
A transição energética depende de minerais estratégicos como as terras raras, lítio e nióbio, e o Brasil é detentor de reservas importantes. Nosso debate na COP 30 irá além da simples exploração; ele exigirá controle nacional sobre toda a cadeia de valor.
Não podemos nos limitar a ser meros exportadores de matéria-prima bruta. A soberania tecnológica e o desenvolvimento nacional exigem que invistamos em tecnologia para o beneficiamento e a industrialização desses minérios em nosso próprio território, gerando empregos de alto valor agregado. A mineração, quando estritamente necessária, deve respeitar padrões rigorosos de proteção ambiental e, crucialmente, os territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Os lucros dessa atividade devem ser revertidos para o combate às desigualdades históricas, especialmente na Amazônia, através de investimentos em saúde, educação e ciência.
Transição Justa e Emprego Decente
O enfrentamento da crise climática não pode, e não deve, ser um fardo imposto à classe trabalhadora. A transição para uma economia de baixo carbono deve ser Justa e gerar Emprego Decente.
Nosso papel na COP 30 será fiscalizar e pressionar para que as políticas climáticas incluam o incentivo aos Empregos Verdes – em energias renováveis, reflorestamento e bioeconomia de base sustentável – com garantia de direitos trabalhistas e sindicais. Requeremos programas de requalificação profissional para os trabalhadores de setores em declínio e, acima de tudo, o Diálogo Social. A mudança climática não pode ser imposta; ela deve ser construída democraticamente com a participação ativa dos sindicatos.
A realização da COP 30 no coração da Amazônia é o grito do povo brasileiro por Soberania, Justiça e Dignidade. A CTB-RJ se une aos trabalhadores e trabalhadoras de todo o país para firmar nosso compromisso: Nossas florestas, nossa água, nossos minérios e nosso povo não estão à venda! O Desenvolvimento Sustentável só é real se for com Soberania, Emprego e Direitos.
A luta é uma só: Classe, Trabalho e Meio Ambiente! CTB, a luta é pra valer!