- 13 de janeiro de 2025
- Publicado por: José Medeiros
- Categorias: Notícias CTB Nacional, Notícias CTB-RJ
No último sábado (11), a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – Rio de Janeiro (CTB-RJ), a segunda maior central sindical do Brasil, mobilizou suas bases e participou do ato realizado em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. O evento clamou pelo tombamento do local pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para a instalação de um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção.
O ato homenageou Rubens Paiva e outras 52 vítimas fatais ou desaparecidas sob a ação do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), que funcionou nesse quartel durante a ditadura militar. Organizações como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz, com apoio da Justiça Global e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo-RJ, também estiveram presentes.
Cadeia Para Todos os Golpistas: Um Clamor Inadiável
A CTB-RJ reforçou, com firmeza, a defesa inegociável da democracia e a necessidade urgente de punição exemplar para todos os envolvidos nos atentados golpistas contra o Estado Democrático de Direito. Empresários cúmplices, membros das Forças Armadas coniventes e líderes políticos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, não podem ser beneficiados por qualquer tipo de anistia. A democracia brasileira não sobreviverá a novos ciclos de impunidade.
“O tombamento do DOI-Codi é falar sobre direitos humanos e sobre o militarismo autoritário que ainda permeia o cotidiano brasileiro”, destacou Rafael Maul de Carvalho Costa, diretor do Grupo Tortura Nunca Mais RJ. “Fortalecer a memória é fortalecer a democracia sem compromissos com a violência de Estado.”
Democracia com Justiça e Memória
A história e o sofrimento dos sobreviventes do DOI-Codi foram resgatados em depoimentos poderosos. Álvaro Caldas, jornalista, professor e ex-preso político, compartilhou suas experiências: “Fui preso em fevereiro de 1970 e torturado por três meses neste local. Voltar aqui como membro da Comissão da Verdade foi revisitar um passado doloroso. Sou grato por ter sobrevivido.”
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, 53 presos políticos foram mortos no DOI-Codi do Rio, dos quais 33 continuam desaparecidos. Nacionalmente, 19 locais diferentes foram usados para repressão, tortura e assassinato. A CTB-RJ e outras entidades comprometidas com a justiça histórica exigem que todos os agentes da ditadura, assim como os atuais conspiradores golpistas, enfrentem as consequências legais de seus crimes.