Emocionante Homenagem à Kathlen Romeu Marca VI Congresso da CTB-RJ com Apelo por Justiça e Fim da Violência Policial

O VI Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio de Janeiro (CTB-RJ) foi palco de um dos momentos mais emocionantes e combativos de sua história. Em meio aos debates sobre os rumos da classe trabalhadora, o plenário se uniu em lágrimas, indignação e resistência para homenagear a jovem comerciária Kathlen Romeu, assassinada em 2021 por um tiro de fuzil disparado por policiais militares da UPP do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte do Rio. Grávida de quatro meses, Kathlen teve sua vida e a de seu bebê brutalmente ceifadas numa ação desastrosa da Polícia Militar, comandada pelo governo genocida de Cláudio Castro.

A cerimônia foi conduzida por dirigentes negras do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, que apresentaram à mãe da jovem, Jaqueline Lopes, uma placa de homenagem e um banner com o rosto de Kathlen acompanhado da potente palavra de ordem: “Vidas Negras Importam”, prontamente ecoada em uníssono pelo plenário.

Em um discurso profundamente comovente, Jaqueline Lopes reafirmou a denúncia que carrega há quase quatro anos: sua filha foi executada pelo Estado. “A minha filha era uma mulher negra que fez todo o caminho que a sociedade pede. Trabalhadora, periférica, alimentava esse sistema que a oprimiu até o fim. Foi assassinada por um agente do Estado, fardado, com um tiro de fuzil que tirou dela o direito de ser mãe – e de mim, o direito de ser avó”, declarou. A voz embargada de dor e coragem percorreu a plenária lotada, num testemunho que escancarou a política de extermínio que há décadas devasta as favelas do Rio.

Jaqueline foi além da denúncia. Em sua fala, fez um chamado à luta coletiva: “Eu não falo para comover ninguém. Eu falo para pedir ajuda a quem tem o poder da caneta para mudar tudo isso. Quem vive a luta não quer só alguém que chore com a gente, quer alguém que lute com a gente.”

A homenagem foi também um ato político: uma denúncia contra o racismo estrutural, contra a política de segurança pública militarizada e racista do Estado do Rio de Janeiro, e um grito por justiça que a CTB-RJ e seus sindicatos filiados ecoam nas ruas e nos locais de trabalho.

“A dor dessa mãe é a dor de toda uma classe trabalhadora negra, periférica e oprimida. O assassinato de Kathlen Romeu não foi um acidente, foi o resultado de uma política de guerra aos pobres. Uma política que tem endereço, cor e classe definidos. E nós, enquanto central sindical classista, não aceitaremos o silêncio diante do genocídio do nosso povo”, declarou Paulo Sérgio Farias, presidente da CTB-RJ.

Em 2025, quase quatro anos após o crime, a Justiça do Rio determinou que dois dos policiais envolvidos, Rodrigo Correia de Frias e Marcos Salviano, irão a júri popular. Ambos responderão em liberdade. A decisão é resultado da luta incansável da família de Kathlen, especialmente de Jaqueline, que tem enfrentado a lentidão da Justiça e o silêncio cúmplice do poder público. “Vencemos essa etapa, mas ainda estamos longe de alcançar a justiça. Até hoje, ninguém foi preso, e os policiais continuam atuando como se nada tivesse acontecido”, relatou ela recentemente após nova rodada de encontros com autoridades federais em Brasília.

A CTB-RJ, ao homenagear Kathlen Romeu, reafirma seu compromisso com a luta antirracista, feminista e popular. A memória de Kathlen – jovem negra, trabalhadora, gestante, assassinada pelo Estado – é semente de revolta, mas também de esperança. Esperança de que a indignação se transforme em organização e em transformação social.

Kathlen não será esquecida. Enquanto houver uma mãe como Jaqueline, enquanto houver sindicato combativo, enquanto houver trabalhador e trabalhadora de pé, gritando por justiça. A CTB-RJ seguirá nessa luta ao lado da família.

Kathlen Romeu Presente, hoje, e sempre em nossas lutas!

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