- 13 de janeiro de 2025
- Publicado por: José Medeiros
- Categorias: Notícias CTB Nacional, Notícias CTB-RJ
A luta contra a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) intensificou-se com os recentes avanços do governo do Estado do Rio de Janeiro em direção à venda total do controle da estatal. Em mais um golpe contra o interesse público, foi publicado no Diário Oficial um aviso de licitação para contratar uma instituição financeira que realizará estudos e abrirá o capital da empresa.
O Sintsama-RJ e a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro (CTB-RJ) lideram a resistência contra essa política desastrosa, destacando que água e saneamento básico são direitos humanos fundamentais, não mercadorias. Diversos países estão reestatizando seus serviços de água após experiências fracassadas de privatização que levaram ao aumento de tarifas e queda na qualidade dos serviços. A privatização da Cedae segue na contramão dessa tendência global.
“A privatização da Cedae é um ataque direto aos direitos dos trabalhadores e da população fluminense. Lutaremos com todas as nossas forças para impedir que o patrimônio público seja entregue a interesses privados, comprometendo o acesso universal à água e ao saneamento básico”, afirmou Humberto Lemos, vice-presidente do Sintsama-RJ, durante um protesto em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O governador Cláudio Castro — que se mostrou completamente incompetente ao lidar com a gestão de um recurso vital como a água — comemorou o lucro de aproximadamente R$ 1 bilhão obtido pela Cedae em 2024, sem considerar que esse desempenho positivo prova a capacidade da empresa pública de operar com eficiência e responsabilidade social. Em vez de valorizar uma empresa lucrativa e fundamental para o estado, Castro busca entregá-la ao capital privado para atender interesses de curto prazo, ignorando o impacto negativo nas tarifas e na segurança hídrica.
“A ideia está viva, vivíssima”, declarou o governador em tom de triunfo sobre a possibilidade de abertura de capital da companhia. Mas essa visão é amplamente criticada. Wagner Victer, engenheiro e ex-presidente da Cedae, foi contundente ao afirmar: “Acho essa proposta um absurdo completo e que, aliás, além de ser mais um movimento que irá aumentar ainda mais a tarifa para o consumidor e o comércio e a indústria fluminense, fere todo o discurso e conceito de modelagem feito pelo próprio Estado e o BNDES para justificar no passado recente a venda fatiada regionalmente das atividades de distribuição para empresas privadas. Esse movimento tem nitidamente o objetivo de gerar caixa no curto prazo, prejudicando a curto prazo a população, até porque a Cedae atualmente é uma empresa não dependente do tesouro estadual, lucrativa e ainda paga dividendos. Esses movimentos cada vez mais tiram competitividade da nossa economia e aumentam nossos custos locais, até porque quem comprá tendê a ser uma das empresas que já distribuem a água, forçando uma união de todas e uma verticalização desmedida. Particularmente, custo a crer que esse processo que está sendo especulado venha a prosperar por total falta de lógica”.
O leilão da Cedae em 2021 já foi alvo de várias críticas, levantando questionamentos legais e morais. Tarifas dispararam, a qualidade dos serviços caiu, e consumidores sofrem com falta de transparência e eficiência. Agora, a tentativa de venda total da estatal só amplia os temores de um monopólio privado, onde os lucros falarão mais alto do que o direito básico da população ao acesso à água.
A população fluminense, junto a sindicatos e movimentos sociais, segue mobilizada. A defesa da água como bem público não é apenas uma luta sindical — é uma batalha por dignidade, justiça social e direitos humanos.