- 25 de julho de 2024
- Publicado por: José Medeiros
- Categorias: Notícias CTB Nacional, Notícias CTB-RJ
* Artigo de Raimunda Leone
O aumento alarmante de casos de racismo e intolerância religiosa no Rio de Janeiro tem se tornado uma grave preocupação para a sociedade civil. Dados recentes revelam um crescimento preocupante nesses crimes. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2023, houve um aumento de 30% nos registros de crimes de racismo comparado ao ano anterior. Em paralelo, os casos de intolerância religiosa, especialmente contra religiões de matriz africana, tiveram um acréscimo de 25%, segundo o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).
Nesse contexto, a Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá no próximo domingo em sua 10ª edição, assume um papel crucial na luta contra o racismo e a intolerância. Este evento não é apenas um momento de protesto, mas também uma celebração da resistência e da luta das mulheres negras por direitos e dignidade. A marcha é uma plataforma poderosa para destacar a importância da igualdade salarial entre homens e mulheres, uma questão que está intrinsecamente ligada ao combate ao racismo e ao empoderamento das mulheres negras. Nós da CTB-RJ anualmente somamos forças à marcha e esse ano não será diferente!
A desigualdade salarial no Brasil é gritante. Dados do IBGE mostram que, em média, mulheres negras recebem 44% menos do que homens brancos. Esta disparidade salarial perpetua a exclusão social e econômica das mulheres negras, tornando urgente a implementação de políticas que promovam a equidade. A luta por igualdade salarial é, portanto, uma frente essencial na batalha contra o racismo, pois ao garantir a justa remuneração, promovemos a autonomia e o fortalecimento das mulheres negras.
Entretanto, as políticas públicas do governo do estado do Rio de Janeiro, especialmente sob a administração do governador Claudio Castro, têm deixado muito a desejar no combate ao racismo, na segurança pública e na redução das desigualdades. O aumento dos casos de racismo e intolerância religiosa é um reflexo da falta de medidas eficazes e do comprometimento do governo com essas questões. As ações de segurança pública têm sido frequentemente marcadas por abordagens violentas e discriminatórias, que acabam por sempre colecionar corpos negros como as principais vítimas da violência do Estado e de uma política de segurança pública ineficaz.
Além disso, as políticas para redução das desigualdades sociais têm sido tímidas e insuficientes. A ausência de programas robustos de inclusão social e econômica agrava a situação de vulnerabilidade das comunidades negras e periféricas. O governo precisa urgentemente rever suas estratégias e adotar políticas que realmente promovam a justiça social e a igualdade racial.
A Marcha das Mulheres Negras é um farol de esperança e um chamado à ação. Ela nos lembra da força e da resiliência das mulheres negras, que continuam a lutar por um Brasil mais justo e igualitário. É imperativo que o governo estadual responda a esse clamor com políticas concretas e eficazes, garantindo que todos os cidadãos, independentemente de raça ou religião, possam viver com dignidade e respeito.
*Raimunda Leone é Secretária Geral da CTB Rio de Janeiro e dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do RJ, do PCdoB-RJ e da FITMETAL.