Opinião: Gestão Cláudio Castro e o caos. Em meio à crise de segurança e entreguismo do estado para reeleição.

A gestão de Cláudio Castro à frente do Estado do Rio de Janeiro revela, a cada nova análise, não apenas uma sequência de incoerências políticas, mas um conjunto de decisões que agravam o sofrimento da população. O governo estadual, além de mal conduzido, parece deliberadamente orientado por interesses eleitorais e entreguistas, e não por uma pauta de serviço público, de proteção à vida e aos direitos.

Charge por Clovis Lima
Charge por Clovis Lima

Recentemente, o estado vivenciou um momento de crise na segurança. A operação policial descrita como “a mais violenta da história do Rio” pela imprensa internacional, resultou em cerca de 150 mortes, com pânico e suspensão de serviços essenciais, como transporte e aulas. A situação não é isolada; dados apontam para uma alta letalidade policial na administração, com o registro de um grande número de chacinas nos últimos anos, sob os governos de Wilson Witzel e Castro, onde mais de 197 mortes foram registradas.

A narrativa do governo estadual, em meio ao caos, foi simplesmente uma mera bravata política: Inicialmente, Castro alegou que não houve oferta de auxílio federal para a operação, mas depois reconheceu o recebimento da proposta, dando como desculpa uma “comunicação errática”. O governador também admitiu “excessos” na operação, o que sugere falhas graves de comando e planejamento.

Outro ponto que demonstra a total inabilidade de resolução de problemas complexos, reside no discurso e na política de incentivo à letalidade policial. O governo permitiu a tramitação na ALERJ de uma proposta para restabelecer a chamada “gratificação faroeste”, uma bonificação para policiais que apreendessem armas de grande calibre ou “neutralizassem criminosos”. Embora Castro tenha vetado a emenda por razões fiscais e constitucionais, a aprovação inicial na Casa Legislativa e a tramitação da proposta são vistas como um alinhamento com uma lógica de uso desmedido da força.

No campo econômico, Cláudio Castro adota a velha prática do entreguismo do patrimônio público em troca de caixa eleitoral. A privatização parcial da CEDAE em 2021, por exemplo, que é uma empresa de saneamento lucrativa, gerou promessas de melhoria que não se concretizaram, sendo os recursos da venda utilizados para sustentar bases políticas e a reeleição em 2022.

Aproximando-se o novo pleito eleitoral, temos o anúncio de novas propostas de privatização e concessão, incluindo a abertura de capital da CEDAE, a venda de imóveis estaduais e a possível concessão ou “venda” do Estádio do Maracanã. Essa lógica revela um foco no curto prazo e no caixa eleitoral, desvalorizando o patrimônio público e o interesse de longo prazo da população. O patrimônio público para o governo, parece mera “mercadoria”, cujo mecanismo seria entregar à iniciativa privada, gerar caixa de campanha e transferir os riscos e custos para a população.

Os números da violência continuam preocupantes. A letalidade policial permanece entre as maiores do país, e levantamentos apontam um aumento nas mortes violentas no estado, evidenciando o colapso na segurança e a ineficácia do “plano de segurança” do governo. A retórica de “tolerância zero” parece seguir apenas a lógica da violência, visto que o Governador foi contra, por exemplo, a PEC da Segurança Pública, que visa exatamente a coordenação das forças de todos os entes e é vista como uma solução para desmantelamento do crime organizado, por meio do compartilhamento de inteligência, ações coordenadas e planejadas antecipadamente. E é isso que nós estamos precisando. O crime organizado precisa ser combatido com efetividade e sem um banho de sangue em cada ação.

A contradição do governador, que vetou a gratificação, mas que permitiu tramitar e que anuncia grandes operações cujas consequências fogem ao controle, é somada ao claro interesse eleitoral nas privatizações. Cada declaração dada pelo Governador é friamente calculada e tem o objetivo claro de tirar a culpa de sua péssima gestão de si mesmo e jogar toda a culpa sobre o Governo Federal.

A coincidência das gestões de ativos públicos com o cronograma de campanha e a intensificação das operações policiais em momentos de fragilidade política são sao velhas práticas e não passam de uma agenda que tem como fim a entrega o controle do Rio de Janeiro à iniciativa privada e ao caos, em troca de capital político. 

Cláudio Castro não está governando para proteger o Rio, mas sim para “vendê-lo”.

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