Sindicatos protestam contra terceirizações ilegais e demissões de bancários no Santander

Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio (Via Bancários Rio)

Os funcionários e funcionárias do Santander realizaram, nesta terça-feira (4/11), o Dia Nacional de Luta. Os bancários protestaram contra o fechamento de agências, as demissões e a contratação fraudulenta de mão de obra — prática em que o banco demite bancários com todos os direitos garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e os recontrata por meio de empresas terceirizadas do próprio grupo espanhol, com perda de direitos e redução salarial para os trabalhadores.

No Rio de Janeiro, houve paralisação em três agências do Centro: duas na Avenida Rio Branco (números 1 e 70) e uma no Saara.

Lucro e exploração crescem

O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, que participou da mobilização, explicou os motivos dos protestos. “Nosso Sindicato, junto com o movimento sindical nacional, está cobrando do Santander a sua contradição: o banco aumenta sua rentabilidade e seu lucro, mas, em contrapartida, fecha agências e intensifica a exploração dos trabalhadores, o que tem causado o adoecimento dos empregados. Contamos com o apoio de todos os bancários e bancárias para continuar esta luta”, afirmou.

O grupo espanhol obteve lucro líquido gerencial de R$ 11,529 bilhões no Brasil nos nove primeiros meses de 2025 — um crescimento de 15,1% em relação ao mesmo período de 2024.

Terceirizações irregulares

O diretor do Sindicato e representante da Comissão de Organização dos Empregados (COE), Marcos Vicente, criticou o processo de terceirização imposto pelo banco, prática ilegal que já foi motivo de condenação pela Justiça do Trabalho.

“Esta atividade nacional é a continuidade da campanha iniciada no ano passado contra as terceirizações fraudulentas. O banco tem criado empresas com CNPJs diferentes dos bancos tradicionais, mas esses trabalhadores continuam exercendo as mesmas funções dos bancários. A diferença é que eles ficam desprotegidos, fora da nossa Convenção Coletiva e perdem vários direitos”, denunciou Vicente.

Fechamento de agências e demissões

O banco espanhol segue o mesmo processo de reestruturação das demais instituições financeiras privadas no Brasil, extinguindo agências físicas e avançando nas plataformas digitais e investimentos em Inteligência Artificial, dominuindo o número de empregos no setor. De junho de 2024 a junho de 2025, o Santander fechou 558 agências e segue reduzindo sua rede no segundo semestre deste ano.

“É grave também o alto número de fechamentos. O banco hoje presta um serviço precário à população, com agências lotadas, sem caixas e praticamente sem bancários no atendimento presencial, o que sobrecarrega e adoece ainda mais os trabalhadores que permanecem na linha de frente”, completou Vicente.

A holding Santander encerrou o terceiro trimestre de 2025 com 51.747 empregados, após eliminar 3.288 postos de trabalho em 12 meses, sendo que 2.171 postos a menos apenas no terceiro trimestre deste ano.

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