Tecnologia a Serviço do Povo – Uma Luta pela Soberania Digital

Por Ana Paula Brito, Diretora de Comunicação da CTB/RJ

Hoje, 16 de outubro, comemoramos o Dia Nacional da Tecnologia, que celebra o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações e marca as grandes descobertas da humanidade e inspira novas gerações de pesquisadores.

Em agosto, participei, representando a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) do 1º Encontro Nacional de Comunicadores, Ativistas Digitais e Juventudes, em São Paulo. Dentre muitas palestras e falas importantes, uma delas gritou aos meus ouvidos e me inquietou a ponto de pesquisar sobre o tema, que relato a seguir:

Nas últimas décadas, as Big Techs remodelaram o mundo com avanços tecnológicos que prometeram inclusão e eficiência, como plataformas digitais e inteligência artificial. No entanto, esses mesmos avanços concentram poder e levantam sérias questões sociais, econômicas e políticas. As cinco maiores corporações — Google, Amazon, Apple, Meta e Microsoft — acumulam um valor de mercado superior ao PIB de muitos países.

Essa concentração de riqueza ameaça a soberania nacional e fragiliza democracias. Os dados pessoais dos usuários são extraídos em escala massiva e usados para lucro privado, enquanto no mundo do trabalho, as empresas de aplicativos classificam os trabalhadores como “parceiros” para fugir das obrigações trabalhistas e previdenciárias. Isso precariza direitos que deveriam ser garantidos.

Paralelamente, os algoritmos moldam percepções, aprofundam polarizações e amplificam notícias falsas. Eles criam uma realidade onde o que muitos vêem e acreditam é mediado por interesses corporativos e decisões automatizadas. O pesquisador em desinformação, Ergon Cugler, alertou para o risco de um “novo autoritarismo digital”, um cenário onde o controle algorítmico define não apenas o que é visível, mas também o que é apagado e deixa de existir socialmente.

Para o Brasil, enfrentar esse cenário exige uma ação coletiva que una trabalhadores, movimentos sociais, legisladores e a sociedade civil. É urgente uma regulação que imponha limites claros ao poder das plataformas digitais, com justiça tributária, proteção dos direitos no trabalho digital, soberania sobre os dados da população e a promoção de alternativas tecnológicas nacionais. Só assim poderemos construir uma soberania digital que coloque a tecnologia a serviço do povo, em vez de deixar que poucos definam o que é real, o que é permitido e o que é invisível.

Compartilhe este post


Precisa de ajuda?
Escanear o código