Violência no SUS: A Posição da CTB em Audiência Pública

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) marcou forte presença na recente audiência pública que debateu a crescente violência contra os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). A posição da Central é categórica e desmistifica a narrativa da culpa individual: a violência é um sintoma claro da falência da gestão e da nefasta priorização do lucro em detrimento da vida.

“É impossível iniciar esta fala sem lembrar: os profissionais de saúde, outrora aclamados como ‘heróis da pandemia’, foram, de forma solene e brutal, esquecidos e violentados pela negligência. O que vemos hoje é o resultado direto de uma precarização extrema das condições de trabalho“, expôs, Dani, Moretti, Secretária de Saúde do Trabalhador da CTB.

Para a CTB, a origem do conflito está na própria estrutura de trabalho. A violência não é apenas o ato físico, mas se manifesta diariamente na gestão:

  • Dimensionamento inadequado da força de trabalho.
  • Acúmulo excessivo de funções.
  • Jornadas fatigantes.
  • Ausência de insumos básicos.

Essas condições são reflexos diretos de modelos privatistas de gestão que, em vez de gerir um sistema de saúde público, se limitam a gerir contratos, visando o lucro e ignorando completamente a saúde mental e física do trabalhador. É essa falta de estrutura que cria o ambiente propício ao conflito nas unidades de saúde.

A Tragédia do Conflito entre Trabalhadores

A CTB defende que a situação atual é uma “trágica confrontação entre dois grupos vitimados”. A Central se recusa a ver usuários e profissionais como inimigos, classificando ambos como trabalhadores vítimas de um sistema falido.

  1. O Usuário Violento é um Trabalhador Vítima: A pessoa que, no desespero de querer ser atendida ou de ver sua família desassistida, pratica a violência, é um trabalhador, vítima da falta de acesso e da desassistência imposta pela má gestão.
  2. O Profissional de Saúde é um Trabalhador Vítima: Por sua vez, o profissional, que está ali precarizado, sobrecarregado e sem condições de atender a imensa demanda, é outro trabalhador vítima da precarização.

“Essa situação é criada pela gestão que, de forma covarde, fica ‘de boa’, assistindo ao conflito entre um trabalhador (usuário) e outro trabalhador (profissional)”, enfatizou a CTB. É inaceitável que o sofrimento da população desassistida recaia sobre os ombros dos profissionais. “Quem deu causa a esse ambiente de conflito é quem prioriza metas e atendimentos não resolutivos em detrimento da qualidade da assistência”.

Repúdio à Culpabilização e em Memória dos Heróis

A Central repudiou veementemente a violência política operada na culpabilização dos profissionais de saúde, denunciando “fiscalizações” arbitrárias e desqualificadas, que só buscam reconhecimento midiático e servem para transformar os profissionais em “bodes expiatórios para encobrir a ineficiência”.

Por fim, a CTB fez um apelo solene pela memória da força de trabalho perdida. A Central classificou como um “ultraje” o fato de secretarias de saúde municipais e estaduais não terem cumprido o papel de identificar e reconhecer todos os profissionais que morreram de Covid-19 contraída no exercício da profissão. “A gestão que falha em prover condições seguras de trabalho também falha em honrar a memória dos que se foram”, concluiu a entidade.

As Exigências da CTB

Para reverter esse quadro de violência e precarização, a CTB exige:

  • Responsabilização da Gestão pelo ambiente de conflito.
  • Retomada urgente de concursos públicos.
  • Fim das terceirizações.
  • Garantia de condições dignas de trabalho para que o SUS possa, de fato, ser um sistema de saúde de qualidade para todos.
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