Negros e Negras sofrem com aumento da desigualdade no Mercado de Trabalho

Pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) aponta o que a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) vem denunciando há anos: a taxa de desocupação entre pretos, pardos e indígenas sege aumentando, o que promove ainda mais concentração de renda e aumenta a desigualdade no Brasil.

Segundo dados do grupo, a taxa de desemprego entre pretos, em 2015, era de 10,51% contra 7,31% entre os brancos. Durante a pandemia, a diferença aumentou e atingiu seu ápice, sendo de 17,27% entre os negros contra 11,98% entre os brancos. O estudo também aponta que, a partir de 2010, há um aumento de brancos e amarelos em migração para o trabalho por conta própria, enquanto pretos, pardos e indígenas permanecem no mercado informal.

Hoje, pretos, pardos e indígenas são maioria entre os grupos de baixa renda, e a pandemia aumentou não apenas a pobreza, mas também as desigualdades raciais. Os pesquisadores constataram que a população preta, parda e indígena teve avanços na educação, mas isso não resultou em melhorias no mercado de trabalho até o momento.

O que a gente vê são melhoras, que tem de destacar, sobretudo nos índices educacionais, mas isso não se reflete no mercado de trabalho. Quando negros e brancos se equalizam em processo de alfabetização, isso ocorre em um momento em que a alfabetização deixa de ser relevante para ocupar espaços no mercado — afirma o sociólogo Luiz Augusto, coordenador do Gemaa.

Os pesquisadores do Gemaa pontuam que as desigualdades às quais os negros estão submetidos são resilientes e complexas. Para reverter o cenário, é preciso desenhar políticas redistributivas interseccionais, que também considerem o aspecto racial e as especificidades de cada um dos grupos. As cotas para acesso à universidade, como as que beneficiaram Thais, precisam avançar.

É importante que o novo governo tenha em mente que as soluções que já foram importantes não são mais suficientes. Reeditar politicas públicas como as realizadas em 2002 e 2006 não vai produzir efeitos. Tem de acelerar a redução das desigualdades e levar para outros níveis educacionais. No caso racial, o grande nó é ensino médio e, evidentemente, superior. Mas precisa pensar em ações afirmativas pós-ensino superior — diz Luiz Augusto, coordenador do Gemaa.

 

*Contém informações de O Globo.

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