- 27 de setembro de 2024
- Publicado por: José Medeiros
- Categorias: Notícias CTB Nacional, Notícias CTB-RJ
Na manhã da última quinta-feira, 26 de setembro, ocorreu um grande ato político organizado por várias entidades, entre elas a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil — Rio de Janeiro (CTB-RJ) e o Sindicato dos Trabalhadores em Meio-Ambiente e Saneamento (Sintsama-RJ), entidade filiada à CTB-RJ. A mobilização reuniu centenas de trabalhadores e trabalhadoras, que se concentraram no Largo do Machado e seguiram em passeata até o Palácio Guanabara. O protesto foi marcado por palavras de ordem contra o governador Cláudio Castro e sua desastrosa gestão na área do meio-ambiente e saneamento.
A militância da CTB-RJ e do Sintsama-RJ participou ativamente da organização e condução do ato, que também contou com a participação de importantes movimentos sociais importantes, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que mais uma vez construiu com entidades do movimento sindical um vitorioso ato em defesa de água, saneamento e contra a privatização da CEDAE. Partidos políticos de esquerda também marcaram presença, reforçando a união entre os sindicatos, movimentos sociais e a sociedade civil na luta contra as medidas do governo estadual. O Deputado Federal Glauber Braga (PSB) e a Deputada Estadual Dani Balbi (PCdoB) marcaram presença e fizeram a defesa da CEDAE pública e do saneamento para todos.
Os manifestantes direcionaram suas críticas de maneira contundente ao governador Cláudio Castro, especialmente pela privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE). Desde que o processo de privatização da CEDAE começou, os trabalhadores têm se mobilizado para reverter o que consideram um ataque ao saneamento básico e à população fluminense. Para os organizadores, o governador tem sido responsável por uma série de retrocessos no setor de saneamento e meio ambiente, áreas nas quais sua atuação é vista como desastrosa.
Durante o percurso até o Palácio Guanabara, onde foram realizadas falas de lideranças sindicais e sociais, o tom crítico a Cláudio Castro foi reforçado com denúncias sobre o agravamento da situação das regiões mais carentes após a privatização da CEDAE. As palavras de ordem focaram nas consequências da venda da empresa estatal, que, segundo os manifestantes, impactou negativamente tanto as áreas periféricas quanto os bairros nobres do estado. Entre os principais problemas apontados estão o aumento das tarifas, a piora nos serviços de manutenção e operação do sistema de distribuição de água, e a demissão de inúmeros trabalhadores da companhia.
Paulo Sérgio Farias, presidente da CTB no Rio de Janeiro, destacou a importância do ato como um marco na luta pela reestatização da CEDAE. Em sua fala, ele reforçou o caráter devastador da privatização para a população e para o serviço público.
“A luta pela reestatização da CEDAE ganhou novo fôlego com o ato realizado nesta quinta-feira, 26 de setembro. Centenas de trabalhadores e trabalhadoras, dirigentes de sindicatos e partidos políticos, dirigentes comunitários, deputados estaduais e federais e candidatos e candidatas ao cargo de vereadores se somaram à manifestação que contou também com muitos moradores das áreas afetadas pelas constantes falta d’água. A consequência da privatização foi um desastre para as áreas mais pobres do estado. Mas as áreas mais nobres e ricas também estão sendo afetadas. Tarifas altas, serviço de manutenção e operação do sistema de péssima qualidade prestados pelas concessionárias que assumiram o serviço e demissões de trabalhadores da CEDAE. A ameaça agora é mais séria, pois a intenção do governador Cláudio Castro é privatizar o que sobrou, ou seja, a produção. Isso, se concretizado, poderá ser o prenúncio de uma tragédia incomensurável. A água tratada pela CEDAE obedece a parâmetros rígidos de qualidade, e essa qualidade de serviços prestados pela iniciativa privada é exatamente o que não existe. Por isso, alertamos a população, as autoridades, a academia e tantos outros necessários, os alertas que faremos para evitar mais esse crime contra o povo. A CEDAE é fundamental para o desenvolvimento de uma política estadual de saneamento, sem ela nada existe nessa área tão necessária para a superação de quadros estatísticos vergonhosos de doenças que há muito deveriam ter acabado em nosso estado”, declarou Paulo Sergio.
Além das críticas à privatização, o ato também evidenciou o fortalecimento dos movimentos sociais e sindicais como protagonistas da resistência. O evento foi considerado um divisor de águas para as lutas contra a privatização da CEDAE, renovando o vigor da mobilização popular e sindical em torno dessa causa. O leilão da CEDAE, que permanece sob questionamento no Supremo Tribunal Federal (STF), foi citado como mais um exemplo das tentativas de enfraquecer o controle público sobre os recursos hídricos e o saneamento básico no estado.
Os manifestantes afirmaram que a luta continuará até que a reestatização da companhia seja uma realidade. Para eles, a CEDAE é vital não apenas para a garantia do acesso à água tratada e ao saneamento de qualidade, mas também para o desenvolvimento de uma política estadual sólida que enfrente os desafios históricos de infraestrutura sanitária que assolam o Rio de Janeiro. O ato realizado no dia 26 de setembro representa, segundo os participantes, um ponto de inflexão nas mobilizações, que prometem se intensificar nos próximos meses.
A união entre sindicatos, movimentos sociais e população no combate às políticas de privatização foi ressaltada como um fator crucial para impedir novos ataques à CEDAE e à gestão pública da água. A crítica a Cláudio Castro, cuja administração é vista como responsável pela degradação das políticas públicas de saneamento, foi um dos pontos altos da manifestação, que termina com a promessa de novas mobilizações até que o estado retome o controle total da empresa de saneamento.
Assim, o ato do dia 26 de setembro marcou mais um capítulo na história da luta pelo saneamento público no Rio de Janeiro, sinalizando que as vozes contrárias à privatização da CEDAE estão mais fortes e determinadas a reverter o atual cenário.