- 22 de agosto de 2024
- Publicado por: José Medeiros
- Categorias: Notícias CTB Nacional, Notícias CTB-RJ
Nos últimos anos, assistimos a um movimento insidioso que visa desmantelar um dos pilares mais importantes da proteção dos trabalhadores: os sindicatos. Uma das estratégias mais ardilosas nesse sentido tem sido a campanha contra a contribuição assistencial, aprovada democraticamente em assembleias de trabalhadores. Aqueles que se opõem a essa contribuição, longe de serem defensores da liberdade individual, estão, na verdade, alinhados com os interesses patronais, buscando enfraquecer a organização sindical e, consequentemente, tornar os trabalhadores mais vulneráveis.
A contribuição assistencial não é apenas uma taxa. Ela representa a solidariedade entre trabalhadores, a união de forças para garantir que a luta por direitos e condições de trabalho dignas continue. Quando essa contribuição é atacada, o que está em jogo é a própria sobrevivência dos sindicatos. E quem se beneficia do enfraquecimento dos sindicatos? Não são os trabalhadores, mas sim os patrões.
Os sindicatos são, historicamente, a voz coletiva dos trabalhadores, a única força capaz de equilibrar o poder descomunal dos empregadores. Sem sindicatos fortes, os trabalhadores ficam isolados, desorganizados e, acima de tudo, vulneráveis. Aqueles que se posicionam contra a contribuição assistencial estão, na prática, servindo aos interesses daqueles que querem um mercado de trabalho onde prevaleça a lei do mais forte, onde direitos trabalhistas sejam tratados como privilégios e não como conquistas.
Um dos aspectos mais perversos dessa campanha contra a contribuição assistencial é como ela tem sido alimentada pela grande mídia. A imprensa, na maioria financiada por interesses empresariais, tem cumprido um papel central na disseminação de desinformação e na manipulação da opinião pública. Os veículos de comunicação, que deveriam atuar de forma imparcial, distorcem frequentemente os fatos, retratando os sindicatos como entidades obsoletas e os trabalhadores que se opõem à contribuição como “heróis” da liberdade individual.
No RJ TV de anteontem, todo Rio de Janeiro viu uma defesa de flexibilização para tornar rápido e fácil, e feito dentro da empresa sem contato com o sindicato, a oposição de trabalhador à contribuição aprovada pela categoria em assembleia. Tudo fantasiado de serviço, mas, na verdade, é mais um ataque do patrão ao interesse coletivo. A própria Globo, quando o governo do Estado sancionou a categoria de jornalista dentro da última faixa do piso regional fluminense, mobilizou seus funcionários que nunca apareceram em assembleia para lotar o auditório do Sindicato dos Jornalistas para votar contra um salário mínimo para a categoria, para lutar pelo direito de receber menos!
É preciso denunciar essa narrativa que além de enganosa e prejudicial aos interesses da classe trabalhadora, afronta nossa democracia. A verdade é que, ao minar a confiança nos sindicatos, a emissora está pavimentando o caminho para que os empregadores possam explorar ainda mais os trabalhadores. A divisão interna entre os trabalhadores, promovida por essa desinformação, enfraquece a resistência coletiva e facilita a implementação de políticas que precarizam ainda mais as condições de trabalho.
Os que se opõem à contribuição assistencial frequentemente o fazem sob o pretexto da liberdade individual. Que tipo de liberdade é essa? É a liberdade de ser explorado sem defesa, de ser demitido sem justa causa, de ter seus direitos suprimidos sem que ninguém levante a voz? É a liberdade do isolamento, onde cada trabalhador é deixado por sua própria sorte, sem o amparo de uma organização coletiva que lute por seus direitos? Ou é a mesma liberdade que fez os jornalistas votarem para ter direito de receber menos igual os da Globo em 2015?
A individualização da luta trabalhista, promovida por aqueles que atacam os sindicatos, é uma armadilha. Ela transforma cada trabalhador em presa fácil para os interesses patronais, enfraquecendo o poder de negociação e tornando a exploração uma norma. A contribuição assistencial, aprovada em assembleias, é um mecanismo vital para garantir que os sindicatos possam continuar a desempenhar seu papel de defensores dos direitos dos trabalhadores. Sem ela, a balança do poder inclina-se perigosamente para o lado dos empregadores.
A luta contra a contribuição assistencial não é uma luta por liberdade, mas sim uma campanha orquestrada para desarmar os trabalhadores. Aqueles que se opõem a essa contribuição estão, consciente ou inconscientemente, fazendo o jogo do patronato. Estão enfraquecendo as ferramentas que os trabalhadores têm para se proteger e garantir melhores condições de trabalho.
Defender os sindicatos é defender a própria dignidade do trabalho. É lutar contra a exploração e garantir que as conquistas trabalhistas, fruto de décadas de luta, não sejam destruídas. A escolha é clara: ou nos unimos e fortalecemos os sindicatos, ou permitimos que os interesses patronais nos dividam e nos deixem à mercê da exploração desenfreada.