Dezembro Vermelho: Todos contra o HIV!

O Dezembro Vermelho é o mês de conscientização sobre o HIV/AIDS, reforçando a necessidade de ações de prevenção, combate ao estigma e acesso ao tratamento. No Brasil, a epidemia ainda é um desafio de saúde pública, mas também é um campo de avanços significativos que precisam ser conhecidos e difundidos, especialmente entre trabalhadores e trabalhadoras.

A DIFERENÇA ENTRE HIV E AIDS

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) ataca o sistema imunológico, reduzindo a capacidade do organismo de combater infecções. Se não tratado, o HIV pode evoluir para a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), quando o sistema imunológico está gravemente debilitado, deixando o corpo vulnerável a doenças oportunistas. Com os tratamentos atuais, muitas pessoas que vivem com HIV nunca desenvolvem AIDS, o que reforça a importância do diagnóstico precoce e da adesão à terapia antirretroviral (TARV), que impede a multiplicação do HIV no organismo e ajuda a restabelecer a imunidade.

A TARV, composta por uma combinação de medicamentos, não mata o HIV, mas evita o enfraquecimento do sistema imunológico. No Brasil, o SUS distribui gratuitamente o coquetel antiaids para todos que necessitam do tratamento. Com a adesão ao tratamento, é possível alcançar uma condição de carga viral indetectável, em que o vírus não pode ser detectado em exames convencionais nem transmitido por via sexual. Contudo, a transmissão ainda pode ocorrer por meio de seringas contaminadas, transfusões de sangue sem controle rigoroso ou da mãe para o bebê sem tratamento adequado durante a gestação, parto ou amamentação.

O HIV PODE INFECTAR A TODOS, INDEPENDENTE DA ORIENTAÇÃO SEXUAL

Os homens heterossexuais, ao contrário do que acontecia décadas atrás, são hoje o grupo mais infectado pelo HIV no Brasil. Dados mostram que eles representam 49% dos infectados do sexo masculino, enquanto os homossexuais representam 38% e os bissexuais, 9,1%. Entre as mulheres e homens infectados, a proporção é de 35% e 65%, respectivamente. Além disso, a população negra é a mais afetada, representando cerca de 60,5% dos infectados no Brasil e 61,9% dos óbitos.

No estado do Rio de Janeiro, entre 2017 e 2022, foram notificados quase 13 mil casos de HIV/AIDS, com 80% dos diagnosticados alcançando carga viral indetectável devido ao tratamento gratuito pelo SUS. A taxa de mortalidade tem diminuído, acompanhando a tendência nacional, mas a luta contra o HIV/AIDS exige constante vigilância, prevenção e combate ao preconceito.

HIV E MERCADO DE TRABALHO

Além das questões de saúde pública, o HIV também traz desafios no âmbito trabalhista. Pessoas vivendo com HIV enfrentam frequentemente estigmas no ambiente de trabalho e discriminação em processos seletivos. O direito ao sigilo quanto ao diagnóstico é assegurado e fundamental para proteger essas pessoas de retaliações ou exclusões injustas. A confidencialidade do estado de saúde é um direito humano básico que deve ser respeitado, assim como o acesso igualitário ao mercado de trabalho e às condições laborais dignas.

Ainda assim, o preconceito e a falta de informação fazem com que muitos empregadores tenham receios infundados, gerando exclusão e discriminação que agravam a vulnerabilidade dessas pessoas. É essencial que sindicatos e movimentos sociais reforcem a importância de campanhas de conscientização dentro das empresas, promovam a inclusão e assegurem que os direitos das pessoas com HIV sejam respeitados. A luta sindical desempenha um papel crucial na mudança dessa realidade, pressionando por políticas mais inclusivas, promovendo o diálogo e combatendo ativamente o preconceito.

A prevenção continua sendo uma prioridade. O SUS oferece preservativos, lubrificantes, profilaxia pré-exposição (PrEP) e profilaxia pós-exposição (PEP), além de iniciativas de redução de danos para usuários de drogas. Esses recursos são fundamentais para conter a disseminação do HIV e proteger trabalhadores e trabalhadoras.

O Dezembro Vermelho é mais do que um mês de conscientização; é um chamado para ação coletiva. Precisamos fortalecer as políticas de prevenção, garantir o acesso universal ao tratamento e combater o estigma. Como sociedade, temos o dever de criar ambientes inclusivos, onde todas as pessoas tenham a oportunidade de viver com dignidade e saúde. Juntos, trabalhadores, sindicatos e comunidades podem transformar essa luta em uma vitória.

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