Dia Mundial do Meio-Ambiente: CTB-RJ Reafirma Compromisso com Justiça Ambiental e Luta de Classes

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, nos orgulhamos da nossa atuação enquanto Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) na linha de frente da luta que une a defesa ambiental com a agenda da classe trabalhadora. Reafirmamos nosso compromisso com um modelo de desenvolvimento sustentável, soberano e popular — baseado na preservação dos bens naturais, no combate às mudanças climáticas provocadas pelo modelo capitalista predatório e na defesa da água como direito e não mercadoria.

No estado do Rio de Janeiro, temos expressado esse compromisso de maneira concreta, em articulação com diversos movimentos sociais, sindicatos e mandatos parlamentares comprometidos com as causas populares. Em Volta Redonda, por exemplo, articulamos a luta em conjunto com a Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj, e os movimentos sociais e populares da cidade para fazer o enfrentamento aos crimes ambientais e trabalhistas praticados pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), empresa que deveria ser orgulho do município, mas que persegue trabalhadores e adoece toda uma população com espalhando as toxinas da produção por todos os cantos.

A CTB-RJ enfrentou esse mal, sendo protagonista nas denúncias sobre o acúmulo de escória da produção de aço da CSN nas margens do Rio Paraíba do Sul, um grave passivo ambiental ignorado por anos e que representa um risco concreto para a saúde da população, dos trabalhadores e da biodiversidade. Fizemos a luta contra a fuligem dos fornos, que afeta diariamente moradores da região. Como parte da nossa atuação, contribuímos com a formulação do PL 4339/2024, de autoria da deputada Dani Balbi, do PCdoB, que propõe a criação de um sistema de monitoramento social e popular da qualidade do ar, em parceria com as universidades públicas, nas áreas impactadas por grandes indústrias poluentes.

Além da agenda ambiental no campo industrial, seguimos na linha de frente da luta contra a privatização da água. Ao lado do Sintsama-RJ, sindicato combativo filiado à nossa Central, e dos companheiros e companheiras do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), seguimos mobilizados contra a entrega do saneamento ao setor privado. A privatização da CEDAE é um crime contra o povo e contra o meio-ambiente, e hoje, além de pagar uma conta bem mais cara, o povo vê suas torneiras secas enquanto adutoras explodem por todos os lados, num sistema operado por empresas que não tem capacidade de prestar o serviço que, com excelência, a CEDAE prestava.

Apesar da privatização, a CEDAE ainda é responsável pela coleta e tratamento da água, mas seu desmonte abriu caminho para a piora no serviço prestado à população, gerando casos graves como a misteriosa contaminação no sistema Laranjal e os sucessivos episódios de poluição na rede Guandu, situações que geraram caos e que até hoje a população não recebi nenhuma satisfação do que está acontecendo com a sua água após o Leilão de Castro e Bolsonaro ter deixado ela sob os cuidados da iniciativa privada. A lógica do lucro acima da vida tem se imposto em detrimento do direito humano à água potável e ao saneamento básico universal. Reafirmamos nesse 5 de junho nossa defesa da reestatização da CEDAE e que seguirmos firmes para impedir aqueles que querem avançar com a privatização colocando toda a gestão, captação e tratamento da nossa água, nas mãos do capital.

Outro ponto que aproveitamos a data de hoje para expressarmos nossa crítica contundente é à inoperância do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), que falha sistematicamente em seu dever de fiscalização. As multas aplicadas a empresas como a CSN são irrisórias e não produzem qualquer efeito dissuasório. O órgão sequer apresenta um plano consistente para contenção de queimadas durante os períodos de seca e, sob o governo de Cláudio Castro, tornou-se um instrumento decorativo de uma gestão declaradamente inimiga do meio ambiente.

Os parques e reservas ambientais do estado do Rio de Janeiro enfrentam inúmeros desafios: incêndios florestais, falta de recursos, déficit de pessoal qualificado, urbanização predatória e turismo desordenado. Áreas como a APA do Rio Guandu e o Refúgio de Vida Silvestre do Médio Paraíba estão cada vez mais vulneráveis, comprometendo a preservação da biodiversidade e dos recursos hídricos.

Denunciamos também a ocupação irregular de áreas protegidas, como ocorre no Parque Estadual da Costa do Sol, onde há registros de construções ilegais — incluindo o caso emblemático da mansão de Neymar em Mangaratiba, que representa a impunidade ambiental a serviço de interesses privados. Assim como o INEA, a Secretaria de Meio-Ambiente que deveria ter um plano de contenção e de proteção dessas áreas, é parte do problema pautando apenas os interesses de quem lucra com a devastação do planeta.

Por fim, é preciso admitir também que não foi só Nosso estado falhou historicamente com a política ambiental, e o símbolo maior desse descaso é a Baía de Guanabara, cuja situação beira o colapso. Mesmo após quase R$ 1,5 bilhão investido por bancos internacionais como o BID e o Banco Japonês de Cooperação Internacional, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara fracassou porque os governantes locais não cumpriram sua parte nos contratos firmados desde 1994 — não construíram os troncos coletores necessários para levar o esgoto até as estações de tratamento.

Hoje, esse financiamento acabou, a poluição aumentou e a baía, que deveria ser um cartão-postal da recuperação ambiental, é uma prova viva da negligência estrutural e do modelo de gestão privatista e ineficaz que ainda comanda o Estado do Rio. Com 90 praias impróprias para banho, despejo de esgoto até em áreas nobres como a Marina da Glória e o Flamengo, e um cenário de degradação visível no Canal do Fundão e na orla de São Gonçalo, a Baía de Guanabara não é apenas um corpo d’água sufocado — é um grito por justiça ambiental e social, que ecoa junto ao nosso projeto de transformação popular e classista.

Apesar da gravidade dos fatos, o Sindicalismo Classista que a CTB representa não se amedronta mesmo diante do maior dos problemas. A pauta ambiental esta no centro dos debates da nossa central nesse 2025 e com os olhos no futuro e os pés firmes na realidade da nossa classe, fazermos grandes agendas ambientais, mobilizando e formando a classe trabalhadora rumo a uma intervenção classista e popular na COP-30, que será realizada no Brasil. A luta contra o colapso climático precisa ser também uma luta contra a exploração, contra a desigualdade e contra o projeto neoliberal que destrói tanto os direitos sociais quanto o planeta e temos o dever, como sede desse grande evento, de representar a classe trabalhadora unir a luta. De classes a luta pela preservação do meio-ambiente.

Neste 5 de junho, não fazemos uma celebração simbólica, fazemos um chamado à luta. Reafirmamos que justiça ambiental é parte inseparável da justiça social. Defender os trabalhadores é também defender os rios, o ar, as florestas e a vida e o caminho para isso e unir a classe trabalhadora, manter as bases mobilizadas e politizadas e, pelas agendas de classe e do ambiente, fazer uma grande intervenção na COP 30 e seguir em mobilização permanente até derrotar a extrema direita no Brasil e no Rio de Janeiro.

CTB-RJ – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio de Janeiro

Classe, trabalho e meio ambiente: a luta é uma só!

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