Nota de Repúdio à Fundação Getúlio Vargas (FGV)

A Comissão de Mulheres da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro (CTB-RJ) manifesta seu mais profundo repúdio às questões de teor machista que constaram na prova do concurso público da Prefeitura de Macaé (RJ), aplicada no último domingo (13), sob a responsabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É absolutamente inaceitável que, em pleno século XXI, questões ofensivas e que reproduzem estereótipos degradantes sobre as mulheres sejam incluídas em um exame público, ainda mais voltado para cargos de professor e professora, área fundamental para a formação de futuras gerações.

As questões em questão não apenas desrespeitam as mulheres, mas reforçam uma cultura machista que diariamente causa danos profundos à nossa sociedade. Uma das questões pedia aos candidatos que identificassem uma frase que “não contém uma crítica ao fato de a mulher falar demais”, entre as quais estavam afirmações grotescas e misóginas como: “A língua da mulher não cala nem depois de cortada” e “Há mil invenções para fazer as mulheres falarem, e nem uma só para as fazer calar”. A outra questão, de comparação, incluía sentenças absurdas como “A mulher é como um defeito de natureza” e “as mulheres são como robôs: têm no cérebro uma célula de menos e, no coração, uma célula a mais”.

Essas afirmações não são apenas desrespeitosas, são violentas. Elas perpetuam a desvalorização das mulheres e promovem uma visão arcaica que naturaliza a inferiorização feminina. O machismo, quando reproduzido em espaços de educação, como um concurso para o magistério, tem um impacto ainda mais devastador, pois contribui para a perpetuação desses preconceitos nas futuras gerações. É inadmissível que uma instituição de renome como a FGV permita que esse tipo de conteúdo seja veiculado em um processo seletivo, especialmente para futuros educadores.

A CTB-RJ, por meio de sua Comissão de Mulheres, exige uma resposta imediata e contundente da FGV, que deve não só se retratar publicamente, mas também rever urgentemente seus processos de elaboração de questões e avaliação. É inaceitável que uma instituição que deveria prezar pela qualidade e pela equidade no ensino propague estereótipos que ferem diretamente a dignidade das mulheres.

Reafirmamos o compromisso da CTB-RJ com a luta pela emancipação, pela igualdade de direitos e pela defesa das mulheres em todos os espaços sociais. Não toleraremos retrocessos ou ataques aos avanços conquistados com tanto esforço pelas mulheres trabalhadoras deste país. Nossa luta é diária, e não permitiremos que o machismo, em qualquer forma ou grau, seja normalizado ou legitimado.

Rio de Janeiro, 16 de Outubro de 2024

Comissão de Mulheres da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro (CTB-RJ)

Katia Branco
Vice-Presidenta da CTB-RJ

Débora Henrique
Secretária da Mulher Trabalhadora da CTB-RJ

Raimunda Leone

Secretária Geral da CTB-RJ

Ana Paula Brito
Secretária de Comunicação da CTB-RJ

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