Nota de Repúdio: Contra a Repressão Policial e Total Solidaeriedade às Lideranças Sindicais

NÃO À ENTREGA DO HOSPITAL DE BONSUCESSO AO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO

 

Com profunda indignação, a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil manifesta total repúdio à ação repressora da polícia contra os trabalhadores e trabalhadoras acampados em protesto legítimo contra o fatiamento da rede federal de saúde no Rio de Janeiro e a entrega do Hospital Federal de Bonsucesso ao Grupo Hospitalar Conceição.
Ao mesmo tempo, prestamos nossa total solidariedade a companheira Cristiane Gerardo e demais lideranças detidas pela Polícia Federal.

Repudiamos mais ainda a detenção de quem luta em defesa do SUS, compromisso que deveria nortear o governo que com suor destes mesmos trabalhadores se elegeu e prometeu defender o fortalecimento do serviço público reconstruindo o Estado.
O uso do aparato repressor do Estado para silenciar aqueles que defendem a saúde pública é uma afronta à democracia e aos princípios pelos quais tantos deram suas vidas.

O governo Lula, que se originou nas lutas sindicais e trabalhistas, deveria se abster de utilizar a polícia e o sistema judiciário para reprimir aqueles que esperavam ver seus direitos e suas expectativas de melhoria do sistema público de saúde defendidos e não suprimidos.

O Grupo Hospitalar Conceição, longe de representar uma solução para a rede federal de saúde do Rio de Janeiro, tem sido alvo de inúmeras críticas ao longo dos anos.

Esse grupo tem sido alvo de inúmeras denúncias de precarização das condições de trabalho. Há relatos de sobrecarga, jornadas exaustivas, falta de reconhecimento e salários insuficientes, além de um ambiente de trabalho marcado pelo medo e repressão a qualquer forma de organização ou mobilização trabalhista. Os trabalhadores enfrentam constantemente pressões abusivas, comprometendo não apenas sua saúde, mas também a qualidade do atendimento prestado à população.

É assustador ver que a solução do Ministério da Saúde é uma gestão marcada por má administração, que tem histórico de unidades sofrendo por falta de insumos básicos, atrasos em pagamentos e uma burocracia resultando em um atendimento deficitário e a deterioração da qualidade dos serviços prestados à população. Não é essa a solução para a Rede Federal no Rio de Janeiro e em lugar nenhum do nosso País. Defender o SUS é justamente o oposto de privatizá-lo!

Já vimos os efeitos desse modelo com as Organizações Sociais (OSs) que, no Rio de Janeiro, mergulharam a gestão de hospitais em um verdadeiro caos. Casos como o do Hospital Pedro II, entregue a uma OS, mostraram falhas na prestação de serviços, falta de médicos e atrasos nos salários dos funcionários. O mesmo ocorreu com outras unidades, como o Hospital Getúlio Vargas, onde a administração terceirizada levou à falta de insumos, equipamentos sucateados e má gestão financeira. O modelo de privatização da saúde por meio de OSs já provou ser um fracasso, e agora vemos o mesmo erro se repetindo com a entrega do Hospital Federal de Bonsucesso ao Grupo Hospitalar Conceição.

É inaceitável que a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, alguém que vestiu o jaleco da FioCruz e construiu sua trajetória defendendo a saúde pública, ceda a esse projeto de desmonte do SUS. A Ministra deveria ser a primeira a lutar pela manutenção da rede pública, mas, ao invés disso, capitula aos interesses privados, permitindo a privatização de hospitais em seu próprio estado. Essa decisão desrespeita os trabalhadores e trabalhadoras da saúde e, sobretudo, a população que depende do SUS para ter acesso a um atendimento digno.

Não nos calaremos! Reafirmamos que a saúde pública é um direito de todos, e não pode ser entregue a interesses privados que colocam o lucro acima da vida. A luta pelo SUS continua, e não descansaremos até garantir que ele seja fortalecido e respeitado.

A saúde pública não é mercadoria e não pode ser moeda de troca. O SUS não pode ser entregue a grupos privados, cuja história já provou que não é a solução que precisamos para uma verdadeira reestruturação transparente e democrática. Exigimos concurso público, valorização dos profissionais da saúde e mais apoio do governo às necessidades que o sistema público desse complexo hospitalar demanda.

A saúde é um direito, e a luta por ela é inegociável!

Rio de Janeiro, 19 de Outubro de 2024

Adilson Araújo
Presidente da CTB


Paulo Sérgio Farias
Presidente da CTB-RJ

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